A natureza humana por vezes parece clara e tão básica mas em oposição por outras parece tão imprevisível, indefinível e intangível. É nestas inconstâncias que a metáfora da nossa volatilidade inteligível toca o poético facto de descendermos dos astros. Hoje o que é uma certeza absoluta amanhã é a mais cruel e nefasta mentira o que faz com que essa contradição pareça por vezes um milagre e outras um absurdo. Ora de milagres e de absurdos se fez o mundo ocidental no qual vivemos e do qual somos produto. Já não parece tão poético, mas não será poético pensarmos que de um ser consensualmente definido como primitivo que usava pedras como utensílios passámos a um ser que usa computadores? Ou será isto um absurdo, e será errado pensar como evolução a extrema dependência actual em relação a tecnologias em contraponto com o desenrascado e fisicamente apurado ser primitivo? Só o elo que nos liga, o tempo, o dirá. E algo me diz que não será absurdo pensar que o milagre da resposta a esta pergunta está para breve e que se calhar o primitivo continua cá, a pedra é que tem mais e perigosas funcionalidades.